domingo, agosto 31, 2014

teus números são...



a Maria Luísa


                                                                     



oito versos sejam
executados,

sete vezes sejam
inscritos,

três vozes sejam
arpejadas,

oito versos
derretidos,


nunca, jamais, nenhum
forjado,

quatro ainda
manuscritos,

seis para serem
prensados.

sete nascendo de

um grito!




XXXIX

XXXIX



Eu tenho um amor criança, um amor de julianial beleza! Desses que a gente não sabe o tamanho e sai gritando pela a casa.
Tenho um amor de alma,
de cuidado,
de amigo,
um amor com idade pra ser filho, filha de outra amizade, de outro amor, de outros amores... criança como eu sou, como somos: rebeldes crianças sonhando!
Tenho um amor que só de se saber bem já é supremo e surpreendente,
que me leva me traz me cansa me mata
e quer brincar novamente.
Eu tenho um amor criança: um amor, uma estrela, uma casquina constante.
Se pirata me empurra na prancha para depois me levar a sua ilha distante.
Eu tenho um amor criança
fugindo pela escotilha da grande nave espacial
eu tenho um amor pequeno e meio grande e que é imenso e que é gigante e que não tem vírgulas e que está gravado nas mãos. Tenho um amor sem dimensão,
sem desejo,
sem órbita
um amor feito um voo de um pássaro,
pode ser colorida e bela sua plumagem ou frondosa sua imagem
mas o voo não sabe desses blefes aos olhos
e voa, sobrevoa, voa
por natural que seja...
Amor criança este que alcança as pontas dos pés
e gargalha ruidosa, faz cosquinha, quer brincar novamente
de fantasma e pega-pega e esconde ali,
procura daqui, de cambalhota, de girar o mundo
e o carpete da sala, pular para bater na lua,
amor!
Eu tenho um amor de anjos, amor de fadas, amor de duendes, amor de fábulas, amor de água e de peixe e de sereia e de Netuno!
Amor, eu tenho ou ele me tem amante?  Quer girar, rodopiar, tornar redemoinho...
Amor que há de salvar os dias,
que há de salvar as noites,

saberá, os homens e seus filhos!

XXXII











Outro dia eu vi teus olhos
invadir o meu olhar
e fiquei te imaginando
a dançar na chuva.
Como se fosse dia de fechar os olhos
imagino o teu sorriso,
paira em minhas mãos palavras
de contar-te esses sambas,
de retirar-te os tambores
e deixar outras batidas
invadindo o meu olhar:
outro dia eu vi teus olhos!


XXXV







Amaranta estava certa
um Aureliano só não tropeça!
Todas as ruas solitárias são mãos única,
as vias nasais têm duplo sentido...
Não se sinta só respirando
sem ônus de solidão
em cem anos de desação:
siga a meta da metáfora,
siga a metafísica da placa, da capa, da marca...
oriente o ocidente para fora desses acidentes:
la soledad
la soledad
ao soletrar soleil
reflita como um palhaço no ar
que há, que haverá de pousar
somente em risos
riscos, rastros, rabiscos,
aplausos,
gestos levemente confundidos...
A solidão come Amaranta,
dorme na estrada das reminicências...
Homens: tão nossos humanos,
seres que experimentam o destino!
Longa estrada, essa, que começa

e termina sem caminho!


XXXVIII




a Saulo Demichelli





Entramos pela porta da frente!
Chegamos como quem nada desejava.
Aprendemos a apreender a pouca vida
e a arquivar trens devidos.
Aprendemos a esquecer vestígios
que nada doeram – principalmente.
Fizemos de cada dia um erro diferente,
(quem liga mesmo para os acertos?)
crescemos...


Hoje começam a nos pedir licença:
besteira, não conseguirão de nosotros
esse retiro estúpido dos covardes.
Uns saltam das janelas,
outros tentam as escotilhas.
Nós atravessaremos todas as salas pisando verdades
e sairemos pela porta dos fundos,
mas somente depois de acreditar
termos rabiscado todas as paredes dessa casa,
com giz de cera e em letras encantadas,
como todo Gentileza...


Saímos do ciclo?

Não! Vamos ao Reciclo
(sambar) ou a Pasárgada!



sexta-feira, agosto 29, 2014

CXXIV


Com cuidado, com carinho
procuro a palavra mais sincera,
a palavra tão leve que aqueça
seus seios, seu ventre, você!

Com dedos, com tatos
pretendo encontrá-la sonhando
um dia de entrega e beleza 
entre os olhos e seus olhares!

Com calma, com ciência
construo aos seus destinos
pequenas escolhas, procelas

com ondas e ventos de eternidade!

quinta-feira, agosto 28, 2014

Ah, os dias claros tão caros à existência!

desabafo sintético ( tentando entender o debate dos ecos)

Tem coisa muito errada
agora mesmo na esquina
de qualquer bairro de qualquer cidade.
é o novo sem valor de conceito,
o que iniciou, mas parou no meio,
o velho caso contado doutro jeito
e etc., etc., etc....

Tem trens demais para pouco espaço.
Alguns seres que não tem nada
em qualquer cidade de qualquer país.
É a geração da escola sem escola,
a promessa do futuro da bola/droga,
a mesma ladainha, o mesmo chove-não-molha
e etc., etc., etc. e tal!.