Estava lendo um poema de Gustavo Pains, publicado no Suplemento Literário de Minas Gerais, número 1291. Gustavo é cinegrafista e editor do Departamento de Artes na Rede Minas. Fez-me pensar a questão do ver o mundo: é certo, em tempos de guerra, que o olhar sempre se modifica. Fim do ano, início de outro e os olhos se voltam para os desejos de paz e de esperança e de prosperidade e de felicidade e de dinheiro. Dinheiro?... Eis que o olhar se projeta pela janela do monetário. Não se educa para realizações humanitárias, mas para a briga inútil do capitalismo. Tenha roupas demasiadas, móveis bastante, carro(s), casa e muros que assegurem a propriedade PRIVADA. Olhamos para um mundo doente e adoecemos com ele. Já que é ano novo, vamos mudar o olhar de pessimismo. Vamos renascer nossos olhos e olhares como nasce o sol - todos os dias, todas as horas! Vamos ser sóis rasgando nuvens para iluminar! Vamos dançar? Vamos sorrir? Vamos falar? Falar do que é bom e nos torna iguais: a busca pela verdade, pelo conhecimento, pela justiça, pelo amor. Vamos falar eloqüentemente da vida. Vamos naturar o corpo, tão frágil e tóxico? Vamos andar? Vamos ver, sem lentes de preceitos e/ou conceitos pré concebidos? Vamos tentar, pelo menos tentar sermos amigos? Vamos sonhar? E sonhando, vamos realizar? E vamos imaginar? Vamos imaginar um mundo grande? Vamos imaginar um mundo enorme e bom? Por esse desejo morreram homens justos e bons. Por esse desejo os nossos ancetrais se sacrificaram. Vamos imaginar um mundo super/hiper/mega-desmedido e olhá-lo de frente, nos olhos! Pois:
" (...) que a falta de imaginação do olhar
acaba por diminuir a coisa olhada
que o fato de eu saber que há sobra
não me tira a falta de vontade de enxergá-la (...)"
Gustavo Pains
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