quinta-feira, fevereiro 19, 2015

meus olhares oitavados





é lindo ser oblíquo!
apraz ser um sopro átono!
a mesma mirada de Ésquilo
deflora os velhos toques cálidos!

Dê-me a tua vênia, teu salve
que me salva o ingresso no alto!
Dê-me escalas dos olhos, deita-me fausto
entre cores e cheiros e veigas!


Pois que é lindo o desalinho!
é lindo as atmosferas líquidas,
é lindo ser um ser sem destino,
a evaporar em busca da palavra mítica



que nunca desdenha a alheia desgraça,
nem se vangloria do desengano,
a ele música é o grito do horizonte humano
que desprende olhos, que não se basta! 

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

tu, um desenho


                                                                                                   Camila do Rosário





Mulher de sonhos azuis
perdoa-me se te desfiz
porque eram mais lívidos os meus sonhos
e porque os sonhar me era custoso.

Eu não tinha... eu não havia...
Alguma forma escondida.

Mulher de vertigens, inclinada.
Teu silêncio é a voz que anuncia a aurora
E o teu olhar é celeste,
é silvestre:
espinhos do campo!

Mulher azul-distante,
voluptuosa flor encarnada.
Repousas do outro lado do abismo.
Percorrê-lo? Jamais? Sempre?
Lançar-me?

Mulher morta, paralítica, imóvel,
adormeces um desejo em cada traço.
Tu, um desenho,
ou ainda, um esboço.

Então podes me olhar:
quero perceber a cor de tua alma,
que o corpo
já sabemos,

flui da esferográfica!




quarta-feira, fevereiro 04, 2015

mais cores!






A pele do planeta precisa respirar,
precisa também de água,
mas criamos pavimentações
cada vez mais impermeáveis
que é certo que suas veias,
seus líquidos subterrâneos
mínguam, esvaem-se
na sede infinita das cidades
e dos seres habitados
em suas particularidades de consumo.
Cada dia mais concreto, cada vez mais asfalto,
a cada tempo mais refletores, mais vidros e mais espelhos,
mais carros, mais baterias, mais e mais e mais...
Recursos hoje faltam, amanhã findam!
De nada vale uma pele morta e uma imagem cinza!
Deixem as superficialidades
permitam que as cores que medram de dentro da terra
revelem-se aos nossos olhos!




domingo, fevereiro 01, 2015

aquáticos




Um pensamento qualquer: água...
desvios de raciocínio: rio...
falta de síntese: mar...