“Em criança tirei um pássaro de dentro de uma pequena gaiola.
O pássaro não voou.”
Não saberia o pássaro que era céu
olhar vôos e sê-los.
Ciculou-se ciclópico,
deu-se voltas e mais voltas
refletindo-se nos espelhos e nas grades.
Não sabia... sobreviver e voar e longe
circulou-se sem rumo, é certo...
Era criança livre depois prêsa,
crescida e prêsa,
guerreira e prêsa,
quase muda – livre.
Entendia: a gaiola era cidade...
sentia-se sufocado e via as pessoas em ruas,
em vias de tempo sujo e asqueroso.
Sentia o peso das correntes e das dobras das fardas...
e no mudo queixo quebrado,
desmundo do imundo passeio das tiranias
mirou os prédios mais negros,
deixou-se escorrente lágrima...
Aquela estação das chuvas àquela praça
expunha-me como o pássaro...
“Aquela cidade já não me pertencia ao meu organismo, era uma prótese.”
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