Eu já não vejo o pássaro verde,
já não espero por boas notícias.
Meus irmãos seguem sorrindo ,
satisfeitos com os dias nublados.
Eu me sinto um indesejado entre outros,
aquele que grita e deve ser calado,
um soco com carinho, sem nojo um escarro,
eu sinto que meu caminho segue delgado,
afunilando qualquer esperança
e antes que a tarde se apresente e apresente
a noite escura de sonhos baldios,
escrevo alguma palavra que não tenha o menor sentido.
Do meu quintal, debaixo de chuva, vejo a Serra,
penso no alto, penso no caminho. Subi-la para quê?
Cá estão as luzes, as vias molhadas, meu desatino,
e o vento frio assovia. Eu não vejo ou não quero ver
o mal nascendo entre os meninos da noite.
Envelheci e vou me despedindo de coisas
e vou me prendendo ao meu verso
como um menino à sua nova brincadeira.
Vou contornando praças e jardins,
e olhando para o céu, atravessando ruas vazias...
eu já não vejo o pássaro verde, quiçá um urubu pintado!
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