terça-feira, dezembro 17, 2019

diário fechado


quando o vermelho não se apressa em ser tempo
e se perde em sua cor sanguínea.

quando o azul não remete ao céu.
não eleva à glória a conquista do pensamento...

quando tudo é um número e tormento
e se traduz em simpĺes resultadismo

o conhecimento se silencia nos lábios
e nos olhos de quem o ignora


domingo, novembro 03, 2019

negações da liberdade

Nenhuma palavra me basta
e faz um bom tempo que não liberto
nenhum verso,
nenhuma camada que exposta
retire peso, pedaços, postas...

Ninguém que explique a ausência de respostas,
nada aqui, nada que detenha-se amorfa
e, desorientado nesse universo
não atribuo culto,
não recorro ao discurso adverso,
somente resto, somente me perco
na solidão dos aspectos duvidosos...

Nenhuma palavra me rasga
e corta como antes e antes e antes...
nenhuma  peleja,
nenhuma coisa, mecha, joça...

Ninguém que me alveje propostas,
tudo ali, tudo na mesma toada
e, desmedidas inovações do tempo,
o que fazer do sentimento
que não vai com o vento
que passa e passa e passa...

... que nunca passa na hora
que precisamos ruflar nossas asas!

sábado, abril 20, 2019

preterismos de antes



ontem se foi, quem sabe...
o meu olhar ainda em nuvens 
persevera com o vento, 
ansioso por tocar com luzes 
a distância de nossas palavras. 
tudo o que se imaginava 
nunca foi decerto verdade, 
e uma simples ausência de tudo 
cunhou-se mais do que tempo, 
uma sentença de incompreensão. 
ontem se fez, quem saberá... 
e o coração ainda pulsa em cores 
venenos e antídotos!

sábado, janeiro 26, 2019

Elegia de dezembro

                                                                                                           ao mestre e amigo Antonio Carlos


- Fala comigo! Não falas, esses tristes dias se esvaem
onde se orquestra despertar um novo ano.
É madrugada e "que novas tristes são, que novo dano,
que mal inopinado incerto soa " . 
O sono,  o sono eterno dos que sonham, 
não aquieta o choro dos que despertos oram!

- Fala comigo! Não falas amigo, mas eu sinto, 
como se a inesperada das gentes também me esperasse
ao longo da madrugada, pelo taciturno alvorecer 
e todas as canções fossem despedidas... 
A manhã, a própria manhã, tão gris,  
não compele as lágrimas do céu, dos anjos! 


- Fala comigo, ó mabaral da educação
E tua palavra é o silêncio físico da saudade 
já refletida em aqueles que nem aqueles, 
ou mais que esses, quiçá a todos que te encontraram... 
Os dias, mesmo os dias refletirão os teus olhares 
azuis, como era antes quando falavas comigo!


sexta-feira, janeiro 04, 2019

24 de setembro de 2007


"O que importa a palavra se a gente sente
bem lá no fundo d'alma uma coisa diferente,
um frio que queima sem a menor explicação,
uma certeza inexata que só sente o coração
e não é preciso palavra, sente-se à distância,
se tem gosto, aperto, olhar e fragrância"
B. Monvinne



Ouvi seu grito! Belíssimo poema!
Poema abissal, profundo!
um poema de um poeta de corpo
e de sentidos, um poema
de um poeta preciso em sentidos,
de uma beleza molhada sobre o sol da manhã,
um poema de ler e ler e ler e balbuciar a tentativa de volver
à memória na menor necessidade,
uma resposta.
uma resposta poética.
uma resposta poética precisa.
um pouco cansado do barulho
das superfícies das palavras,
mergulho em sua resposta
e respiro meus sonhos de gritos.
Ouvi seu silêncio! Poema Belíssimo!

beijo de partida




O mínimo sopro de seu sopro,
o instante de seus lábios,
vão adormecer umedecidos
pela saliva que provocaste
em secura de minha boca!






janeiro de 2002