terça-feira, fevereiro 24, 2009

Eu Nunca Saberei

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Eu nunca saberei o que seria se
ao lado de você eu vivesse em
mudanças latentes de conduta e
esperas atiladas do além.

Nem poderei dizer-me feliz pois
estaria a dissimular velhos sabores, não
estaria sequer decompondo sóis
de um possível triste verão.

Não haverá discursos violentos mas
não se impressione com o mesmo
tom suave, se há in-certa paz
conforme a violência do beijo

provocaria uma onda, um frenesi ou
de uma imaculada sensação eu
deteria-me ao dizer quem sou:
a verdade (nossa?) num museu.

É tão triste sentar a beira da estrada,
perceber a borboleta no arame farpado
da cerca e crer na certeza inexata
da vida, se a tivesse tocado!

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Sonho estranho, sem inspiração

Assustei-me,
não tenho mais medo
de certas coisas que antes certamente me fariam tremer.
Antes do medo do homem, o medo das coisas,
antes da dúvida,
antes das guerras, antes das táticas,
antes daquele há pouco presidente terrorista,
antes dos assassinatos por pequenas porções
da mentiras químicas e similares,
antes dos grupos paramilitares,
antes de castelos de interior,
antes da fome, da sede, da miséria dos prazeres,
antes dos esquemas, eu temia certos sistemas.
Mas... assustei-me,
medo não há, não mais.
Há o susto permanente com um jeito de pensar
para fora e para dentro.
Assim, como um sopro para o silêncio...
Eu sou assim e estava andando pelos passos
de pessoas que eu nunca acreditei,
deixando pegadas imaginárias às ilusões das dobras.
Mas o dia foi mais claro e as nuvens me refizeram,
trouxeram sonhos limpos e sonhos sujos
e eu mergulhei sem respirar
nas minhas águas mais profundas
onde eu céu desperta com a noite
e adormece com o sol
e sorri, pois todos sorriem sem saber
(não espere que eu saiba de nada!)
e longe Bob cantava:
"Vocês riem de mim por eu ser diferente
e eu rio de vocês por serem todos iguais!"

domingo, fevereiro 15, 2009

a última viagem

um semelhante,
penso: jamais igual.

Meu ontem me delata:
100 km de pedal.

Muito o sol, a água,
muito o alimento.

Tamanha a batucada aurora:
o candombe, o canto negro!

Não cabe à memória:
transborda amarrotado!

Sou meu canto
precipitando um desfocado...

Cada gota, o suor:
um arranjo a cortar o vento.

Amacia a noite, adormece:
ontem faz tempo!

Olha o rio cipó, molha
a mão no atlântico amanhã.

Penso: diferentificidades!
Sete horas da manhã...

Era antes e agora é nada:
um espinho no caminho.

Todos estavam onde estavam,
aconteceu, foi partindo...

Nascituro dia, prematuro ano,
quanta poesia poderia...

Não! Não adoça o sumo!
Mudo, o novo gritaria?

Nada de covardias cardeais:
os iguales, estes vazios.

Semelhantes, desiguais:
Um sentido maior sob os sentidos!