segunda-feira, setembro 28, 2020

pequeno poema dônico

 a Paulinho Moska

Tudo que fizeste

foi além...

‘do muito para falar’!

 

Desde

a primeira vez que, despido o amor,

anunciaste ao som e ao silêncio teus sentidos...

dônicos,

mais profundos

de teus refúgios,

resvalaste aos fundos mais fundos,

desconhecidos,

o sublime e vero

tudo/nada de amar a cada passo, gesto, sopro, sussurro

revelando em cada verso

algum qualquer universo de acordes,

amalgamados,

entrelaçados,

emaranhados...

por tua alma!


terça-feira, abril 14, 2020

propaganda vazia

"Tudo vai voltar ao normal"
Isso incita a rebeldia, a minha rebeldia...
Você sabe...
tudo que faço é por rebeldia
menos quando é poesia.
Só ela que me salva
dos dias, das tardes, das noites...
Mesmo quando tudo é guerra 
e  eu mais do que covarde
invado vilas, cidades,
trago sintáticos transtornos
com mortes e saques e selvagerias,
a poesia surge da tempestade
para adornar os mortos
e limpar o sangue dos versos mortos
pelas vias!
Enfim, sempre do contra,
poético rebelde do contra,
poeta de merda,
de versos clandestinos e desconhecidos.
Por que me duvido? Por que me divido?
Tentando não negar alguns discursos
mais do que falidos,
buscando alguma voz, quiçá razoável
atestando "não" ao conflito do comum,
meramente vago, raso e aceitável.
Mas eu sei que é pura rebeldia...
mesmo assim...
eu a faço:
senhora de minhas sílabas mais perversas e sensatas!
Às vezes, tão somente casto,
rogo: as mais singelas e delicadas providências,
emanado energias positivas ao universo,
aos seres vivos e a todo esse papo furado.
Por sempre ou quase sempre,
o que me importa não te importa,
ou importa se - e se - eu consentir,
ao modo que ocorre com todos
e a poesia, não se difere.
Mas ela me ressalva,
alivia um pouco da revolta,
dá voltas longe do umbigo
e ressignifica o que fica
zunindo, baixinho, aos ouvidos....
"nada voltará ao normal!"