sábado, março 04, 2017

efeitos da natureza


Enlaçado em tuas fagulhas vão meus olhos,
como criança rodando em noite de fogos,
como criança jogando balões, riscando traques
e arriscando ataques luminosos contra a vida.
  
Enlaçado, meus olhares, em teus colares
seguem todas as cores de teu caminho
e tu, moça pulsante, sorrindo... sorrindo
com efeitos refeitos de solos lunares.

 Nem pensas em redemoinhos,
não decreta ventos ou tempestades,
mas saibas que travas a batalha

Que brasa do céu um desvario,
de relâmpagos e raios faiscantes
mesmo que não venha a água!

o resto do sonho


  


Resta um pouco de um resto açoitado
pelo vento que teima a afronta,
vem limpar a poeira do passado
e deixar o que realmente conta.


(...)


Eu concentro o meu centro no que faço,
eu mergulho na vida a minha pena,
eu seguro, eu aperto, faço o laço
e envergo a palavra no poema.

Eu descrevo, eu desejo, eu insisto,
tento romper sem vão o verso.
Vou aos poucos despindo-me de mitos
e deixando para trás velhos desertos.

Eu construo o escuro do segredo,
eu reclino o enigma do nada.
Estridente grito de medo,
eu sou feito de nuvens sonhadas.

E tudo que vejo e sinto
são teus olhos tristes e cansados
condenando-me, me ferindo,
desejando poemas queimados.


(...)


Calculado – noves fora nada –
o baú de estórias está vazio.
Recolha a última palavra
como o mar sutil acolhe o rio.

E o poema, então, adormecido
vingará quando o sol desvencilhar
o sonho: flor do abismo

que sangra sem estancar! 

o Ser evolutivo





Se aquele que foi
:
fosse
:
e noutro tempo
sem glórias
ou conquistas,
somente voasse,
não como os seres celestiais
imaginados,
mas como uma folha
sob as proporções do vento,
caísse sem mácula
sobre a terra
e semeasse,
não um novo e belo mundo,
mas a força evolutiva
 deste:

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