terça-feira, janeiro 27, 2009

intuição pelo olhar

o objeto cá e lá existe
e aqui estou para dizê-lo,
mas os olhos que miram tudo o que
é o objeto, um objeto,
não posso sequer imaginá-los!

segunda-feira, janeiro 26, 2009

indicações pessoais

para Brenda Senna




Há pessoas que não acreditam nas pedras do caminho
e se dedicam a observar atentamente cada passo.
Orientam-se por seus desvios,
volvem obstáculos para seguirem.

Há pessoas que por outro modo caminham,
mas sempre param num passo maior
e em pequenas andanças fazem círculos e círculos
com os pés.

No entanto,
(e por bem que elas existam!)
há pessoas que são seu próprio caminho!
Se há escadas voam, se muros, saltam.
São pessoas que nasceram inquietas,
que são justas com o vento
e que caminham
descobrindo-se em cada miragem,
tateando cada movimento!

domingo, janeiro 25, 2009

quem é Abilou?

Abilou... tua pele negra brilha...
é linda!
e teus olhos escuros como a noite,
e claros como as nuvens de Angola!


Um dia eu viajo para longe
e te encontro caminhando
sob um sol árido de inverno.


Dirás algum cumprimento
e eu te desenharei um sonho esquisito.


Nada, nada de aprontar mãos para gestos vazios:
sem adeus,
somente um teu sorriso
e um sorriso meu!

sábado, janeiro 24, 2009

Teus balanços




Teus balanços me balançam ainda ontem:
antes de adormecer movias em mim qualquer amarelado suspiro,
mas hoje tudo poderia ser dedilhado como um esporte antigo,
desses que ultrapassam as horas e horas e horas...
Talvez se da lembrança tardasse
o sol na extremidade do olhar fazendo do teu ir e vir
um cansaço de mãos e passos.


Eu não me afastava um só instante de teu baile.
E subias e subias e subias e descias e descias e descias
como uma princesinha do céu e do chão,
da mais alta torre, do mais alto castelo
ou de qualquer janela da mais simples casa,
uma princesinha de pés descalços,
rindo-se de seus pendulares trejeitos...



E eu dava a teu corpo uma certa força contínua
para que o teu riso explodisse celeste...
E sorrias, sorrias como se cada movimento fosse o próprio nascer e morrer.
E nascias e morrias e tornavas a nascer feito bailarina
girando, girando, girando solo
num palco vazio e iluminado...


Não te atrevias a parar,
nem o balanço!

sexta-feira, janeiro 23, 2009

dia esse!

28 verões quase completos,
um amor ao verso que persiste.
um bom papo interrompido
outras formas alteradas
escuro e claro
e o universo fluindo
por todos os lados
e dentro!

quarta-feira, janeiro 21, 2009

uma vela para Baba Yaga

uma vela escura para Baba Yaga,
para queimar passos antigos,
para apagar as pegadas
e as sombras mais negras do que a noite.

uma chama que queima os medos,
que jaz do corpo o desnecessário
e que traz a manhã mais clara
entre tantas futuras manhãs!

sábado, janeiro 10, 2009

registrado

olhares.aeiou.pt





Tudo que o amor registrar
o fará em pedra
para eternidade dos ventos.
E as eras hão de ocultar
cada verbo:
depois da chuva,
enquanto noite
antes do amanhecer.
O amor criptografado,
esculpido em sonhos
e desenhos de enseadas.




Cada ranhura perpetuará
o signo da plenitude
nas paredes do tempo, amor,
em traços profundos,
com cor distinta
em cada relevo mineral!
O amor assim será antigo,
suspeito de caminhos,
e indicará que há perdão,
mas que o menor toque pode queimar
as mãos.

evolução em meu blog

:

agora os spans vêm
em dois
ou mais idiomas!

terça-feira, janeiro 06, 2009

PROPOSIÇÃO (com ou sem anexos?)

Vamos ao que interessa:

eis o avanço de datas marcadas,
eis o trabalho,
eis o um pensamento deitado -
que não é pão da manhã,
nem azeite sobre a massa
- eis aqui o começo do fim
de uma década esquisita
para sempre!

Lições de casa:

1. Gastar olhares e suplementos;
2. Persuadir-se a reflexões;
3. pautar e pautar-se (pau-a-pau);
4. valer-se do capitalismo;
5. Sorrir sempre que puder.

Diria alguém que gosto:
"vai dar p.t.!"
Por isto, tempos de quietude,
músicas suaves, Jazz Hortiniano,
textos científicos (sem as maldades e as bondades dos personagens,sem paisagens de lembranças ou imaginárias), enfins despretenciosos...

qualquer que seja a idéia que tenhas, escrevas.
Caso contrário ficarás como eu,
imaginando novidades estranhas
que de nada servem,
que nem há em conceito.

placa RAR1981:
bem traçado, lógico!

Obs: ...podemos, então, afirmar que a estrutura do poema depende de quebras, de rupturas que se instauram no corpo do poema representando o próprio poema antes de ser uma proposição de si?

Tipo um poema metaliterário!
Com ou sem anexos?

sábado, janeiro 03, 2009

as palavras e suas conformidades

para Bárbara de Moraes




Tem palavra que não se conforma,
outras não tem forma ainda, mas prenuncia.
Uma palavra para ser forte tem que ter claridade
e clarividência.
É um tipo de palavra da CEMIG ou da LIGHT
ou de alguma concessionária, de alguma fornecedora.
E o que seria do mundo sem os fornecedores de palavras?
Eu me lembrei de você muito.
Estava a ler Ana Cristina Cesar e me fez pensar em você,
fiquei então fuçando pápeis de espirro.
Achei um maço de palavras fornecidas por você a mim:
"deixemos cada palavra solta e elas se emaranham"!
É assim, tem palavra que não se conforma
e muda de forma constantemente.
Eu, particularmente, uso a palavra amor a torto e a direito...
Deixo o seu não conformismo para os corpos
e me intero de olhos e horizontes.
mas a minha palavra para teus olhos tem forma de desejo:
CORES para o que é novo,
para tudo que é novo de olhar
e de tocar com suspiros e exclamações
(por que além de cada palavra há as pontuações!)



com distinto cuidado

sexta-feira, janeiro 02, 2009

nesta cidade

Pela cidade estendida ao olhar confuso,
sigo e me perco indiferente.







Nela se encontra a vida que encerra
muito de minha questão existente.







Eu não me lembro em qual pretérita esquina
nos encontramos de repente,
mas lembro-me de como me deste
um olhar de cidade diferente.







Perco o passo nessas ruas estreitas,
avenidas largas, praças vazias.







Meu coração segue essa seita
que pela noite se sacia,
que se embriaga na madrugada
e sobe a serra pela trilha.
Perco os passos, rumo à casa,
quando a boemia se desfaz no dia.
Perco o passo nessas ruas estreitas,
avenidas largas, praças vazias.






Nessa cidade minha voz não silencia
o verbo dessa terra tão rouca,
tão perplexa de tão pouca, louca...
Em cada esquina uma poesia!






Nessa cidade os meus eternizados
caminham em minha companhia,
estamos serenos, sonhadores, santificados
nesse tempo de tantas vidas.
Distante daqui, mesmo que não corte
essa cidade é quase uma ferida!

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Apologia à caligrafia

como no soneto



Jamais direi que reconheço seus ombros,
pois ao dizer-lhe, certamente, anuncio o seu corpo
e as suas ligaduras. Ao dizer lhe ombro,
proclamo seio, ventre, vulva.

Direi que tem a peculiar cultura
que conduz aos céus e aos infernos.
Direi que beira os intermédios da loucura
e que teus beijos são privilégios.

Assim, estará em minha eternidade
com seus toques, seus abraços, seus apegos,
sua música sussurrante e profunda.

Estarás nas essências mais fecundas
entre os meus cuidados e meus desvelos
tateando nosso amor com raridades!