sexta-feira, abril 30, 2010

resistência

Somente a palavra no branco do dia
sem qualquer geografia, qualquer horizonte,
sem uma nuvem de depois, algum extinto ontem:
um sopro repleto de poesia.

Somente um olhar sobre uma taquicardia,
distante de toda esperança que se despedaça,
longe dos desfechos da última desgraça:
um golpe tenaz na hora tardia.

Somente uma resposta à melancolia,
um riso de espanto, um vão pelo escuro,
um grito ao eco, um salto sobre o muro:
somente a palavra que não silencia!

sábado, abril 24, 2010

o Belo Monte

As águas do Xingu dobrarão aos pés de um Elefante Branco
da era dos sonhos infantis,
continuando a obra mortal dos colonizadores,
tirando dos índios o restos de seus penhores,
destituindo o direito do seu lar.
Um triste delírio de um homem torto
que se diz representante de um pobre povo
que não tem mais armas para lutar.
Eu sabia, não se deve acreditar em certos homens
que vivem do trabalho dos outros,
que se dizem patriotas e homens de direito
da soberania de uma nação.
E tudo por causa da ganância desenfreada
de fazer história sobre a ignorância alheia
inundando pequenas aldeias de homens que não votarão.
Sinto ter que declarar que o meu presidente
não passa de um delinquente que usa uma figura mentirosa do passado
para justificar seus presentes atos
sem aceitar que qualquer um o venha criticar.
Essa democratura, iniciada pelo golpe militar
perpetua escancarada nas mãos aluidas
de um hipócrita fantoche a governar.
Belo Monte se vai na triste vontade de um lunático
eu sinto muito pelo o que lhe vai acontecer...

terça-feira, abril 20, 2010

para respirar

Nas últimas horas do dia,
nos próximos minutos da manhã,
segundos adentro da noite:
qualquer momento que não tenha teu cheiro,
falta-me o oxigênio de todos os caminhos.


Por anos e anos seguidos,
há décadas de mesmas precariedades,
desde que vivo perambulo por datas:
espero por teu toque ainda agora,
senão me falta os caminhos para respirar!

Depois de ti...

Depois de ouvir a tua voz
qualquer canção
é um acompanhamento
para o coração
ouvir o universo sussurrar!

Depois de te olhar
qualquer imaginação
é uma simples força
da ilusão
querendo o universo alcançar!

Depois de te amar
tanta paixão
é um requinte da alma
ante criação
mirar Deus no teu sonhar!

quarta-feira, abril 14, 2010

em protesto

Mudou-se o rumo da convicção
e a palavra ardeu na boca.

Dobrou-se a voz à febril miséria
das taciturnas ideias enganadas.

Mentiu-se, então, toda verdade
aos olhos do discurso deflorado.

Voltou-se ao não do curso proclamado
nos olhos dos pares margeados.

Remiu-se o incrédulo momentâneo
do presente que ora se fez nulo.

Postou-se pleno e destemido
mas passou em dedos autárquicos.

Negou-se a figura do semelhante
que avante luta pelos desvalidos.

Ateu-se à corja dos mal vistos
por favores de nome e costume.

Bastou-se apenas pelo poderio
de um persona sem intuito.

Afastou-se d’outros tantos confluentes
que outrora celebrara amigos.

Consumiu-se em esmo devaneio
como algum qualquer político.