sábado, dezembro 22, 2018

o homem, um anúncio qualquer




a
mídia média medra
meio-
fios
meios
gestos
de gênero de número de classe
do que
invaria
invalida
in  e mais
valia
quanto quando e no entanto
o que resta,
nãos e noves
tão fora
que zeros há que
e nem os há.
Tudo está aonde vou
em 5 a 30 segundos
em horários
e erários
nobres e pobres
apodrecentes
rebeldes do 
controle remoto.
a
média mídia medra
aquilo que
desde morto
e amórfico
nem precisa nascer!
segue feito Narcísio
e seus reflexos
e não-reflexões...
segue, ademais, paixões
e intervalos
que se repetem
e repetem
e repetem,
até que nunca
se tenha ouvido,
sequer mencionado,
um nome,
o nome
(um risco no céu)
de um homem
quiçá
da humanidade!



segunda-feira, agosto 27, 2018

propaganda eleitoral

 
Peito à mostra
pleito à vista
social e capitalista


Nada vai bem
nada tão mal
comunista comercial.


domingo, agosto 26, 2018

desenhos no muro



sol da manhã
em manhã de sol,

outra canção em si,
isso em mim um mi

o vento de pássaros
amanhecendo os voos do dia

nem tudo é poesia,
nem todo grão alcança o vento

mas o balé das árvores
estendidas ao além dos aléns

em seus giros e gestos
tecem imagens abstratas

sobre a frieza do concreto
ainda adormecido e rijo,

retratos em sombras tortas
iluminando pequenas lisuras

texturas outras, chapiscadas,
tremulices de nuvens emparedadas

desenhos no muro, fotografias
amanhecendo o que é poesia.



segunda-feira, março 26, 2018

XL





Ah! Há algumas coisas que nunca vão mudar...
uma delas é essa dor interna sem explicação que eu sinto
e que arde sem que eu possa curá-la.

Essa ferida que desde sempre impregna todos os meus olhares,
que segue dando cheiro e contorno ao meu corpo
que me faz brigar para ser agradável com as pessoas
para que elas sejam agradáveis com os outros:
há muita coisa pessoal...

Essa dor, que nem é dor e nem é marca
e que mesmo sem arder, queima e não cicatriza
Essa dor vazia de dor e cheia de dor
que na lua cheia quer domar o corpo e levá-lo ao impossível.

Ah! Dolorido e vadio rasgo que não branda nem acalma,
ao contrário,
cresce e reverbera credo,
que é como um segredo de gelo que não derrete
e vai gelando a alma...
que é como um segredo de neve que derrete
e vai molhando a alma...
que é como um segredo
e mergulha...

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

Poe(ta?)ma!






O poema não diz, sangra o poeta!
Se queres me ouvir, leia-me!
Verso torto, não se sabe
e acontece de repente,
sim, porque o poema é poente,
última borboleta do dia:
P-O-E-S-I-A!
À noite será outro esquema.
Poeta dos falsos poemas,
dobre as tuas feridas,
recolhas a misericórdia
e como se a manhã não se houvesse,
descuide de tudo e parta.
Pode ser que chova, mas não te sufoques.

O poema? O poema não diz,
corta...
taciturnamente o artesão se afasta:
aquilo não era palavra,
era foice...
e a chuva não era lágrima,
era ácido...
Não te enlouqueças por tão pouco.
O fato é sempre central (?),
marginal é a conseqüência (!).
O poema sobre o poema:
um poema, uma pedra no caminho, um sei não, um talvez...
Mas não há quem se prive do sermão,
o poema não se deve a razão,
ele é o esperma,
medíocre perfeição...
o Poe(ta?)ma!


consummatum est

novembro de 2008



O mundo é besta como todos que o habitam.
Quase que como um conceito, ditos amigos
não compartilham doces e salivas.

Amigos deveriam ser como irmãos, não como sócios.
Mas cada qual oferece o conceito que lhe apraz mais cabível.
Aí está inaugurado o canalha, o canalha velhaco.
Pede-te um abraço para cravar mais profundamente o punhal.
Não, não interessa a morte, (pelo menos a ti não)
mas a superioridade da carne à ideia.
Tens mulher, tens filhos... pouco interessa,
na urgência da pressa e da sociedade...

Sócio é sócio! Mas não quero crianças, nem mulher alheia!
Mas bem podia verificá-la! Sociedade tem dessas coisas:
um pouco de desconfiança , ganância e egoísmos!
A mim, chegávamos, decerto, a amigos!
Quanta coisa besta essa e o mundo!
Tínhamos, sim e entre discursos, uma sociedade!

Como sou mais besta que todos em desapego e verdades,
faço uma proposta:

fique com a minha parte!

quarta-feira, janeiro 03, 2018

ao seu primeiro filho



Gosto de ler teus versos, tua voz em grafias...
a tua fantasia de amor, poesia e caos deu-se.
E já não é mais fantasia ou caos...
E já não és fantasia ou caos... Poeta!
Poeta!
Poeta! E o mundo se fez ao teu lado.
E ele pode ter vida própria,
ele pode te comprar - não se venda
ou se venda bem caro.
O artista é só um produto... penso nisso, assim.
não deve ser tão cruel consigo,
seja com os outros - se suportar esses descabimentos!
No mais, saudades de versar a beira de qualquer lago,
ou'té  em serras.
A poesia é uma oração!
No último ciclo, deixei poemas secarem,
perdi a finalidade da fé.
Eu tento tanto tudo que a tecla deixa em tentativas.
Volto aos manuscritos amarrotados,
aqueles de antes,
de cadernos amarelados - com um ou dois
versos seus, amigo...
No canto esquerdo o dia nasce
e eu fecho os olhos em protesto
( sem olhos verdes ) peço:
"Um café!
Para completar o cigarro que acendo
Na varanda."


para Warley Cardoso, poeta e amigo!

alegorias



Não há glória em deixamentos,
não há méritos em possibilidades.
Tudo que se foi, nem mais lamento
 e ficou para eternidade.
 


Não sou eu que fabrico finidades,
a mídia, talvez, tenha esse sortimento.
Agora meço minha finalidade
pelo desvão do meu pensamento.