Querida Maria, tenho sentido a despedida
de um velho império como o Império Asteca
e, às vezes, me sinto uma veste encardida
ou como um fantasma dito de um morto poeta:
"súbita mão de algum fantasma oculto
entre as dobras da noite e do meu sono
sacode-me e eu acordo, e no abandono
da noite não enxergo gesto ou vulto."
Perambulo horas de leitura, silêncio besta
entre as primeiras horas de um dia triste
e penso que hei não de ter o que mereça,
não ter escolhido um erro que ainda insiste.
E fico sem saber, caduca palavra sem trema,
se teimo que esteja negro meu coração
ou se tudo é culpa do Pessoa, do poema
escrito pela sombra virtuosa da ilusão.
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