A minha avó costumava dizer que "Deus não fecha uma porta sem deixar um fresta que seja". Fechou uma porta que já tentara fechar muitas vezes: pois sim, eu evitava.
Vi a lua da fresta e me apaixonei novamente!
Dona Maria, minha avó, completa algumas noventa primaveras hoje e lúcida repete suas verdades.
Tive notícias do mundo: monstruosas. As verdades dela me trouxeram chaves. Eis aqui fora, a casa já não sufoca e eu canto uma canção e giro no seu dia o seu dia.
Lembro do cuidado e da ternura e de como ela cozinhava bem. Cada sabor, cada aroma compõem meu ser, faz-me um homem que sorrir ao lembrar e sente os lábios com a ponta da língua. Delícias em meu corpo, quitutes em minha alma, almoçar com a família Aquino completa sempre foi tradição.
Lembro dos valores e dos preceitos que fluiram dela, da fé e da comunhão, da lealdade e da fidelidade a si mesmo.
Jamais deixar que algo me cale. Torquato diria:
"Poesia. Acredite na poesia e viva.
E viva ela. Morra por ela se você
se liga, mas por favor, não traia.
O poeta que trai sua poesia é um
infeliz completo e morto.
Resista, criatura."
E eu resisto criatura só para não me trair, não negar o que eu acredito. Todo poema tem sua palavra suja, resta inventar outras palavras coloridas e sinceras. Não traia seu poema, não o diminua.
Que coisa! Quanta coisa boa vovó me faz lembrar!
2 comentários:
Acho que era Simone de Beauvoir que dizia que "Nos olhos do jovem arde a chama. Nos olhos do velho brilha a luz."
Acho que é isso que acontece com os avós! Que esta chama do presente em nossos olhos, possa vir a ser luz um dia.
E viva sua avó, viva as frestas, viva a luz e viva a poesia!!
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