domingo, fevereiro 10, 2008

Relembranças (a-nexo)

A minha avó costumava dizer que "Deus não fecha uma porta sem deixar um fresta que seja". Fechou uma porta que já tentara fechar muitas vezes: pois sim, eu evitava.


Vi a lua da fresta e me apaixonei novamente!

Dona Maria, minha avó, completa algumas noventa primaveras hoje e lúcida repete suas verdades.

Tive notícias do mundo: monstruosas. As verdades dela me trouxeram chaves. Eis aqui fora, a casa já não sufoca e eu canto uma canção e giro no seu dia o seu dia.

Lembro do cuidado e da ternura e de como ela cozinhava bem. Cada sabor, cada aroma compõem meu ser, faz-me um homem que sorrir ao lembrar e sente os lábios com a ponta da língua. Delícias em meu corpo, quitutes em minha alma, almoçar com a família Aquino completa sempre foi tradição.
Lembro dos valores e dos preceitos que fluiram dela, da fé e da comunhão, da lealdade e da fidelidade a si mesmo.
Jamais deixar que algo me cale. Torquato diria:

"Poesia. Acredite na poesia e viva.
E viva ela. Morra por ela se você
se liga, mas por favor, não traia.
O poeta que trai sua poesia é um
infeliz completo e morto.
Resista, criatura."


E eu resisto criatura só para não me trair, não negar o que eu acredito. Todo poema tem sua palavra suja, resta inventar outras palavras coloridas e sinceras. Não traia seu poema, não o diminua.



Que coisa! Quanta coisa boa vovó me faz lembrar!

2 comentários:

sblogonoff café disse...

Acho que era Simone de Beauvoir que dizia que "Nos olhos do jovem arde a chama. Nos olhos do velho brilha a luz."
Acho que é isso que acontece com os avós! Que esta chama do presente em nossos olhos, possa vir a ser luz um dia.

sblogonoff café disse...

E viva sua avó, viva as frestas, viva a luz e viva a poesia!!