a Frederico
Garcia Lorca
Encontro-te entre folhas
noturnas
resvalando nas paredes nuas,
não sabes ainda de tua carne,
onde te esconderam, homem.
Encontro-te desencontrado de
formigas,
perdido entre vermes, entre
molusco,
entre frutas ciganas
adormecidas,
entre búzios, mares, terras
secas.
Miro teu amor imprevisto,
desesperado,
indo ao mar, às águas de
Sevilha,
trazer lembranças para deixar
ao teu pedido.
Toco teu olhar vazio de
medos, admiro-te,
poeta que jaz banido. Imagino
Granada:
não fui a Granada, não
conheço teus refúgios,
mas sinto-me escorrer em tuas
imagens
como o sumo científico de
certos cítricos.