domingo, dezembro 30, 2012

ao poeta


a Frederico Garcia Lorca



Encontro-te entre folhas noturnas
resvalando nas paredes nuas,
não sabes ainda de tua carne,
onde te esconderam, homem.

Encontro-te desencontrado de formigas,
perdido entre vermes, entre molusco,
entre frutas ciganas adormecidas,
entre búzios, mares, terras secas.

Miro teu amor imprevisto, desesperado,
indo ao mar, às águas de Sevilha,
trazer lembranças para deixar ao teu pedido.

Toco teu olhar vazio de medos, admiro-te,
poeta que jaz banido. Imagino Granada:
não fui a Granada, não conheço teus refúgios,
mas sinto-me escorrer em tuas imagens
como o sumo científico de certos cítricos. 

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