Não feche este livro de paisagens
encerrando um meio, um termo
entre palavras descontínuas.
A palavra não adormece!
Não feche estas mãos de sulcos
retidos no tempo.
Não tente matar o sonho:
de sua pele resiste a manhã
e os pássaros voam sobre seu repouso!
O vento traz os restos da rua,
da rota, do trilho, do corpo
que ainda roça anteontem.
Não feche... escreva!
desse ritmo de gestos imprecisos,
dessas anotações tardias
que soam silenciosas e breves,
nasce o reflexo do expurgo,
que se encerra em nós
tão feio e tão belo!
Não perca a fase da frase que os olhos se fendam
e rasgam roupas, cortam hipocrisias,
queimam mentiras tantas,
tamanhas
palavras
despidas
...
Não,
não feche o grande livro da vida!
A palavra,
a palavra não adormece!
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