XXXIX
Eu tenho um amor criança, um
amor de julianial beleza! Desses que a gente não sabe o tamanho e sai gritando
pela a casa.
Tenho um amor de alma,
de cuidado,
de amigo,
um amor com idade pra ser
filho, filha de outra amizade, de outro amor, de outros amores... criança como
eu sou, como somos: rebeldes crianças sonhando!
Tenho um amor que só de se
saber bem já é supremo e surpreendente,
que me leva me traz me cansa
me mata
e quer brincar novamente.
Eu tenho um amor criança: um
amor, uma estrela, uma casquina constante.
Se pirata me empurra na
prancha para depois me levar a sua ilha distante.
Eu tenho um amor criança
fugindo pela escotilha da
grande nave espacial
eu tenho um amor pequeno e
meio grande e que é imenso e que é gigante e que não tem vírgulas e que está
gravado nas mãos. Tenho um amor sem dimensão,
sem desejo,
sem órbita
um amor feito um voo de um
pássaro,
pode ser colorida e bela sua
plumagem ou frondosa sua imagem
mas o voo não sabe desses
blefes aos olhos
e voa, sobrevoa, voa
por natural que seja...
Amor criança este que alcança
as pontas dos pés
e gargalha ruidosa, faz
cosquinha, quer brincar novamente
de fantasma e pega-pega e
esconde ali,
procura daqui, de cambalhota,
de girar o mundo
e o carpete da sala, pular
para bater na lua,
amor!
Eu tenho um amor de anjos,
amor de fadas, amor de duendes, amor de fábulas, amor de água e de peixe e de
sereia e de Netuno!
Amor, eu tenho ou ele me tem
amante? Quer girar, rodopiar, tornar
redemoinho...
Amor que há de salvar os
dias,
que há de salvar as noites,
saberá, os homens e seus
filhos!