domingo, setembro 07, 2008

o malabarista

Na esquina de Gonçalves Dias
uma poesia de pau e fogo.

No sinal de Bias Fortes
uma política de olhos e equilíbrios.

Um corpo franzino que brinca
com a coisa séria do sustento,
que se sustenta na arte do cruzamento.

Meus olhos param, meu corpo pára,
meu coração pára e vocifera
contra o desiquilíbrio das ruas.

Minhas moedas para o café
queimam no bolso, preciso presentiá-lo
com o pouco que detenho.

Que sirva para alimentar o corpo
desse pequeno malabarista:
um metro e trinta centímetros
de coragem e persistência.

Já não sorri, mas o seu sonho,
percebo, é maior que seu molejo,
maior que sua arte de se mover
para os mundos trancados nos autos
a caminho dos tristes erários.

Na esquina da poesia
com a arte do cuidado humano
o malabarista ganha a vida
sobre o tráfego errôneo!

Um comentário:

sblogonoff café disse...

MAs preciso lhe dizer, meu caro poeta, que às vezes dá vontade de largar tudo isso aqui e virar malabarista, de circo, de esquina...