Como se minha língua fosse a língua do universo
eu a ofereço à cura de quaisquer dos males existentes!
Como se sem mim eu fosse ausente do verso
e não podesse oferecer descanso aos meus descendentes!
Como se eu desejasse uma palavra de ruínas
que atravessasse os séculos para ser reconstruída.
Como se uma palavra erguesse todos os reinos
e abominasse todas as crueldades das doutrinas!
Como se em minhas mãos corresse a energia
que dissolve os signos e seus velhos monumentos.
Como se do tato de suas errantes entrelinhas
fluisse algumas cronologias, algum tempo.
E como se a linguagem ambígua à míngua da língua
fosse silêncio entre os lábios e fosse sussurros noturnos!
E como se diante do futuro tudo o que finda
existisse de se esquecer e fosse um tanto mais profundo!
Um comentário:
Como depois de escrever isto você diz que está perdendo o jeito?!
"Como se uma palavra erguesse todos os reinos
e abominasse todas as crueldades das doutrinas!"
A palavra pode, assim como todas as palavras silenciosas e assim como o próprio silêncio. Tudo é uno. Tudo é fim e reinício. Tudo é superfície e profundo.
E nós, aqui, tão pequenos, somos apenas um segundo na mensagem cronológica universal.
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