quinta-feira, junho 19, 2008

metapoética

Entre algumas palavras eu sou mais solidão,
eu sou mais frio e mais distante.
Entre algumas palavras se resume o mundo
e fazemos de conta que não há mundo algum,
não há nenhuma palavra ou ruído,
tudo é escuro e poroso
e se enche de água quando há chuvas alongadas.
Mas não há salvação para esses gestos entrepostos: sabias de tudo e já não me contara!
Entre dois signos dissolvidos na ausência de sentidos,
entre duas mulharas transitivas eu sou mais vazio,
eu sou mais velho e perpetuo escrituras
à luz de velas, comuns, como as de um velório.
Não é preciso trazer coisas desconhecidas soletradas:
eu tenho minhas entradas queridas e miro
longas planícies de sentimentalidades.
Entre essas e estas e aquelas que nunca me bastam de todo
eu construo a minha defesa mas precisa,
o meu ataque mas certeiro,
a minha tática atípica:
enquanto escrevo, fico um ponto do meio!

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