quinta-feira, janeiro 01, 2009

Apologia à caligrafia

como no soneto



Jamais direi que reconheço seus ombros,
pois ao dizer-lhe, certamente, anuncio o seu corpo
e as suas ligaduras. Ao dizer lhe ombro,
proclamo seio, ventre, vulva.

Direi que tem a peculiar cultura
que conduz aos céus e aos infernos.
Direi que beira os intermédios da loucura
e que teus beijos são privilégios.

Assim, estará em minha eternidade
com seus toques, seus abraços, seus apegos,
sua música sussurrante e profunda.

Estarás nas essências mais fecundas
entre os meus cuidados e meus desvelos
tateando nosso amor com raridades!

2 comentários:

roberta_ disse...

uau!! que lindo Ric, começou o ano inspirado!!! isso é um bom sinal, sorte minha de poder ler sempre a cada dia coisas mais lindas escritas por vc! adoro!!beijo e que 2009 vc brilhe ainda mais!

sblogonoff café disse...

Eu achei isso tão lindo.
Sabe, no meu coração cabem tantas cidades. As mesmas cidades que o desintegram sem deixá-lo menor. As mesmas cidades que o fragmenta, sem deixar que o todo se redivida. A mesma cidade que pulsa aqui dentro,que seca a ferida, que inunda. Sempre muita água pelas cidades, que nunca lavam, mas limpam de qualquer maneira. (O finalzim tem Zé Ramalho!)