segunda-feira, agosto 18, 2008

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Meus irmãos estão lá fora
como a água e a terra e o fogo das guerras,
todos estão em seus movimentos e em suas inquietações.
Aqueles que não se debruçam sobre segredos,
não têm mortes,
não têm vidas,
são previsões partidas, pedaços de um espelho
que não reflete nada além da imagem
que se quer refletir.
É um fio, um fio espesso, um fio tenso
tirado do novelo e enrolado no dedo,
contudo e com medo. Meus irmãos!
Eles sentem medo sim,
sentem o frio das madrugadas frias,
o calor da ondas febris,
a dor interminável das separações!

Meus irmãos estão aqui dentro também,
como o sangue no pulso, como os impulsos cardíacos do curso,
estão entre raivosos discursos,
declarações de amor e amizade
(amizade nunca se declara!),
sins e nãos entrecortados de metáforas.
Eles estão em frases curtas e disputas de religião(?),
em instantes de descrença e de satisfação,
em discussões políticas e concordâncias ideológicas,
estão entre o silêncio e o sermão.
Não sabem, nunca saberão, o quanto nos parecemos
com suave distinção,
a quanto vale os nossos encontros
em perfeita solidão,
por que ainda somos irmãos!


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